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segunda-feira, 15 de setembro de 2008

Sinópse do Sermão - A Verdadeira Espiritualidade


(Sermão baseado em Marcos 7.1-23, ministrado na Igreja Luz dia 14/09/2008, pelo Rev. Jean Chagas)



Há um terrível surto em processo na igreja evangélica brasileira. Fatos inimagináveis têm se multiplicado na prática de muitas comunidades locais. Parece um tipo de esquizofrenia evangelical. Crentes que se auto-exorcizam, rosas místicas, sal purificador, varinhas e cruzes energizadas entregues aos fiéis, etc. Onde vamos parar com esta paranóia?


Em outra vertente, reerguer-se com vitalidade um conservadorismo "neopuritanístico" como reação a todas estas coisas. Discussões do tempo dos meus avós voltaram aos ambientes dos concílios. Tais como: o bater palmas, o uso de determinados instrumentos no culto, a sacralização dos espaços de celebração, a oportunidade ou não para mulheres ministrarem na igreja, a liberdade da expressão corporal no culto, etc.


Assim, alguns graves perigos à verdadeira espiritualidade tomam força e ameaçam a vitalidade da comunhão do povo de Deus com o seu Senhor. Destacaria quatro grandes perigos:


1. O Tradicionalismo - Alguém já escreveu: "Tradição é a fé viva dos antigos. Tradicionalismo é a fé morta dos vivos." O grande perigo do tradicionalismo é que ele se apresenta de modo sutíl como uma interpretação inequívoca da Escritura e do mundo. Assim, de modo disfarçado, o tradicionalismo se impõe como dogma, anulando a autoridade única da Palavra de Deus. Isto engessa historicamente a Igreja, destruindo a contemporaneidade de sua mensagem.

2. O Legalismo - Tal fenômeno conduz à ideia de uma relação de mérito com Deus, menosprezando a graça de Jesus. Leva as pessoas a serem escravas de regras e ritos, ao invés de crescerem na idoniedade como cristãos capazes de aplicar princípios as diversas realidades da vida. É uma boa opção para aqueles que não desejam crescer através da reflexão e do bom senso, haja visto que no legalismo alguém já pensou e definiu por todo mundo.

3. O Sincretismo Religioso - Um tempo atrás um irmão me mostrou a embalagem de um sabonete de arruda recebido num culto evangélico. Ora, o que levaria um líder evangélico a aconselhar seus irmãos a banharem-se com arruda para espantar "mal olhado"? Sabemos que isto não provém da fé cristã. Nada mais é do que um elemento da religião não cristã absorvido por uma corrente que se proclama genuinamente evangélica. Esta mistura religiosa é perniciosa à verdadeira espiritualidade.

4. O Relativismo Moral - O pecado não pode ser definido por minha opinião pessoal ou pela conveniência das situações que me cercam. Iniquidade é tudo aquilo que o próprio Deus definiu como contrário à sua vontade e impuro aos seus olhos. A relativização do certo e do errado tem custado a saúde espiritual de muitas pessoas e igrejas locais.


Em Marcos 7 Jesus têm um confronto direto com os fariseus em detrimento do entendimento da verdadeira espiritualidade. O ponto de partida é uma controvérsia sobre o que contamina o homem. O que para nós é apenas um problema de natureza sanitária, para os fariseus era um problema de ordem espiritual: O comer com as mãos impuras! Diante deste embate, Jesus denuncia como a tradição dos líderes religiosos levava as pessoas a uma falsa compreensão da relação espiritual delas com Deus e com o mundo.


Assim, quero destacar três princípios que Jesus ensina nesta passagem, que podem equilibrar nossa comunhão com Deus, preservando-nos dos perigos à nossa espiritualidade:


1. Precisamos nos manter cativos à Palavra de Deus (v. 6-8) - A tradição dos líderes religiosos, que se propunha a ser uma interpretação da Lei, havia se sobreposto sutilmente como uma oposição à própria Lei. Nosso compromisso maior precisar ser com a Escritura. Nos submetemos aos líderes até que estes sejam fiéis à Palavra. Não podemos trocá-la por tradições, conjunto de leis, ou misturá-la com outras práticas religiosas. Não podemos relativizá-la por nenhum tipo de conveniência pessoal.

2. Precisamos mensurar nossa espiritualidade a partir da saúde de nossos relacionamentos (v. 11-13) - Os fariseus ofereciam uma oferta a Deus para se sentirem desobrigados em honrar seus pais. Pensavam que era possível manter a saúde da relação vertical sem cuidarem da horizontalidade de seus relacionamentos. Nosso Senhor resumiu a Lei e os Profetas em amar a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a si mesmo. O diagnóstico e a cura de nossa espiritualidade está no cuidado e na saúde de nossos relacionamentos.

3. Precisamos cuidar do mundo interior para termos verdadeira espiritualidade (v. 18-23) - Para os fariseus, a saúde espiritual dependia do trato com elementos externos. Nosso Senhor, porém, se opoz a tal compreensão demonstrando que nossa impureza encontra-se no mundo interior. É de lá que brotam as imundícies. Deus deseja tratar-nos de dentro para fora. É necessária a coragem de expor esta realidade interna e negra que nos assola se desejamos saúde espiritual. Não devemos fugir, mas nos apresentar como somos para sermos purificados.


Tradicionalismo, legalismo, sincretismo religioso e relativismo moral podem destruir nossa comunhão com Deus e nos afastar da verdadeira espiritualidade. O caminho da real busca deve nos levar de volta para a Palavra de Deus, em sua singularidade e simplicidade. É o caminho que propõe tratar-nos os vários níveis de relacionamento para que nossas orações e busca não sejam interrompidas. É o caminho de olharmos para dentro, onde está o verdadeiro mal e a fonte de nossa impureza. Somente este caminho irá nos conduzir à verdadeira espiritualidade.

segunda-feira, 1 de setembro de 2008

“Parábola da Nossa Vida”


          Sermão baseado no texto de Lucas 15:11-24, ministrado na Igreja Luz no dia 31 de agosto de 2008 pelo seminarista Ericson Martins (contato@projetoperu.com).
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INTRODUÇÃO :
          Freud analisou o ser humano e concluiu que “o melhor que pôde encontrar do ser homem é lixo.” À medida que conhecemos a natureza humana e à medida que vamos tomando conhecimento das crueldades que são capazes, descobrimos que de fato, Freud tinha alguma razão. 
          Esta consciência verdadeira a cerca da nossa natureza é perturbadora. A maioria se esforça o tempo todo para ser aceito por si mesmo, queremos convencer os outros o tempo todo o melhor que há em nós mesmos porque não admitimos esta realidade; fazemos isto usando a melhor roupa, usando as melhores palavras para expressar melhor dos nossos sentimentos, ... só que mais cedo ou mais tarde nos defrontaremos com nossa real natureza.
          As maiores feridas e decepções que podemos sofrer vêm das pessoas que mais amamos. Eles assumem proporções, por esta razão, esmagadores em nossa alma. Por isto é tão comum vermos pais que desistiram dos seus filhos. Desistiram de corrigi-los porque não suportam mais “falar, falar e falar e não serem ouvidos seus conselhos”, desistiram de educá-los, discipliná-los, abandonando-os aos seus próprios destinos, segundo o curso que eles mesmo querem sem considerar a responsabilidade paterna. 

A Organização Pan-Americana de Saúde fez uma pesquisa recentemente em escolas de 17 capitais brasileiras e concluiu que 42,5% dos jovens goianos entre 12 e 16 anos já experimentaram o cigarro no mínimo uma vez (Organização Pan-Americana de Saúde, http://www.opas.org.br, divulgado em O Polular, 28/08/2008). 

          Por outro lado vemos comumente filhos que desistiram dos pais, fugindo de casa, se trancando no quarto para não ouvi-los mais, como se a palavra deles não fizesse mais sentido e então, uma grande massa de jovens e adolescentes, mesmo completamente imaturos para assumem independência emocional e financeira dos pais, anseiam levianamente pelo dia da separação, da chamada liberdade para nunca mais prestar contas a eles.
          A Parábola do Filho Pródigo é a Parábola da Nossa Vida porque não podemos encontrar o Senhor que é capaz de restaurar nossa alma para a vida, mas somos vulneráveis ao Seu encontro com nossa realidade. Ele veio e vem ao nosso encontro e ao encontrar-nos se alegra grandemente. 
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NARRAÇÃO :
           Reuniram-se, certa vez, um grupo de pessoas consideradas para o status quo religioso nos dias de Jesus, pessoas desprezíveis e ameaçadoras do ponto de vista moral. Entretanto, Jesus os “recebia e comia” com eles enquanto ensinava as verdades concernentes ao Reino de Deus. Criticado pelos mestres da Lei, propôs três parábolas : A Ovelha Perdida, A Drácma Perdida e o Filho Pródigo. Todas trazem em si a síntese do valor que tem a singularidade do homem perdido para Deus, razão que justifica a busca persistente do “pastor” e da “mulher” que perdera a drácma, e especialmente do “pai” que vai ao encontro do filho quando o vê de longe a caminho de casa. As três parábolas apresentam também uma característica comum : a alegria do reencontro que resulta em grandes festas.
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TESE : 
          Por causa da nossa natureza e conseqüentemente nossas intransigências moral e religiosa, fazemos escolhas que não se conformam com o verdadeiro propósito de Deus para nós, no entanto, o plano da redenção é eficaz para nos resgatar da apatia quanto ao nosso estado pecaminoso e nos restaurar para sempre por meio de Jesus Cristo que vem ao nosso encontro, sara-nos e re-estabelece a comunhão com o Pai. 
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1. Suas decisões determinam suas experiências (vs. 11-16);
          No caso do “Filho Pródigo”, muitas seriam as abordagens se passasse um psicólogo, um existencialista, um médico, um político, um amigo, etc. e visse aquele rapaz trabalhando em extrema humilhação entre os porcos (para a cultura judaica era o pior que poderia acontecer). Mas poucos, certamente diriam que aquele jovem estava vivendo naquele estado por causa das decisões que tomara em sua vida.
          Estava em casa, na comunhão do Pai e com todas as suas necessidades supridas, mas decidiu deixar tudo para traz em busca de uma vida independente e “livre” dos cuidados do pai. O resultado foi assustador : perdeu a herança, os amigos, começou a passar necessidade e por fim, teve de encarar um contexto de vida vergonhoso “diante dos céus e diante do pai”.
          A realidade do pecado e suas conseqüências não são omitidas no texto, nem para a realidade do ser humano. Esta realidade necessita ser admitida e confessada mediante arrependimento diante de Deus, do contrário, a humilhação imposta pelo pecado e a distância de Deus só trará conseqüências ainda maiores para a eternidade.
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2. Melhor é viver aonde é valorizado do que onde é explorado (vs. 17-19);
          O pecado humilha e explora a consciência do homem com a culpa. A impressão que se tem é que em qualquer lugar ou condição que possa viver e estar, o homem é sempre infeliz, incompleto, frustrado e confuso quanto a razão de ser e viver. A maioria, fora da comunhão com Deus e sem orientação bíblica, perde relacionamentos preciosos por decisões e escolhas totalmente equivocadas que poderiam ser evitadas e sofrem a dura sensação de estar só. A senso de distância de Deus e a solidão que permeia a história de muitos só pode ser solucionado se, convencido pelo Espírito Santo, tomar uma segunda decisão : buscar a presença do Pai, voltar atrás (arrependimento).
          Na presença de Deus, ainda que todos desistam de nós, Ele não desiste. Somos valorizados não porque há um motivo em nós para isto, mas porque Deus em Sua rica misericórdia escolheu nos amar e nos redimir pela morte eficiente de Jesus Cristo. Esta ação de Deus a nosso favor transforma nossa realidade segundo o propósito maravilhoso que Ele tem para cada um de nós, dando-nos uma nova oportunidade de vida.
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3. O caminho de volta é sempre melhor que suportar a culpa (vs. 20-24);
          Aquele jovem poderia relutar e persistir dizendo para si : “Não posso voltar, será humilhante demais para mim depois de tudo que já fiz !”, mas não poderia suportar mais a consciência da sua culpa mediante as “besteiras” que fez. Embora envolvido em profundas conseqüências, não havia perdido concepção de quem era o pai, de quem é Deus. E reconhecendo a força da Sua paternidade, se levantou e voltou pelo mesmo caminho. Cada passo de volta aumentava ainda mais a ansiedade de reencontrar o pai. De longe, diz o texto, o pai o viu, correu ao seu encontro e o abraçou intimamente. O perdoou e o recebeu na condição de filho. Ali, na presença do pai novamente, pôde ser restaurado e participar da alegria de muitas pessoas porque havia sido encontrado pelo pai.
          Voltar é arrepender. Voltar é reconhecer que não há salvação resultante do nosso esforço empreendido na auto-justificação. Voltar é negar quem somos (nossos projetos existenciais) para admitir aquele que é de Deus por meio de Jesus. Há sempre uma esperança para aquele que volta-se para Deus arrependido. 
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CONCLUSÃO :
          A Parábola do Filho Pródigo nos apresenta um pai que tem dois filhos, na realidade há dois pólos : fariseus e escribas - a ala da religiosidade unilateral, da Lei sem amor, da falsa moralidade, da performance, da devoção expressa pelo comportamento exterior, não necessariamente correspondendo a uma realidade interior como do outro lado da experiência e da sociedade humana - os publicanos e pecadores. Aqueles que por não serem semelhantes ao restante já estão condenados moralmente pela força daqueles que se declaram merecedores de Deus. O filho mais velho se sente maduro por ter vivido mais tempo em casa e por trabalhar mais, por isto odeia a idéia de o filho mais novo ser agraciado pelo Pai depois de tudo o que fez, porque ele pensa que sua suposta fidelidade deve ser retribuída pela penalidade do outro. Ele odeia tanto quem não é fiel ao Pai como ele é que nem consegue viver o que tem. Ele não reconhece com gratidão ser quem é, e neste indivíduo que não é grato por ser filho ao se comparar com o mais novo o inveja, e é neste mesmo que a graça lhe faz mal. Mas o filho mais novo, embora tivesse cometido muitos pecados e se afastado do pai, descobre que realmente não há lugar melhor para estar em sua presença e, arrependido, assume uma nova decisão, recorrer a ele confiante em seu perdão e aceitação.
          Esta Parábola pode ser chamada de parábola da nossa vida porque reflete, de fato, nossa história. Ou assumimos quem somos e quem Deus é para nós fundamentados nas verdades bíblias, ou fingiremos ser quem não somos para garantir o status espiritual e ritual que não comunica graça de Deus. Aqueles que reconhecem sua pecaminosidade e se arrependem desfrutam da comunhão com Deus porque Deus providenciou o meio de resgatá-los para a vida eterna em Cristo. A estes a graça de Deus é alegria para viver. A estes lhe é concedido a oportunidade de reorganização dos valores, dos relacionamentos, dos sentimentos, ... de forma que nem mesmo a pior tribulação ou acusação deste mundo poderia arrebatá-los das mãos do Senhor, permanecem firmes para todo sempre.
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