A maioria das pessoas associa a história de Sansão exclusivamente à sua força, vinculada aos seus longos cabelos, cortados por Dalila, sua infame amante. Tratam o relato bíblico como um conto mitológico, um "Hércules do judaísmo".
Não obstante, a narrativa da vida de Sansão refere-se a fatos históricos. Há personagens, culturas e povos que se entrelaçam num enredo revelador quanto ao cuidado de Deus com o seu povo e Seu poder libertador da opressão.
Porém, o que salta aos olhos numa leitura mais profunda da história deste guerreiro é o contraste da soberana ação de Deus e as circunstâncias produzidas por suas escolhas pessoais. Sansão revela este antagonismo. Escolhido por Deus, entretanto em continuo conflito com sua própria identidade.
A saga de Sansão é, em certo sentido, o vislumbre da história de muitos cristãos. Foram escolhidos em amor antes da fundação do mundo. Estão debaixo de um desígnio eterno do Altíssimo que é imutável. Porém, suas escolhas negam esta realidade e as colocam em conflito com a essência de suas próprias vidas. Quão grande é o sofrimento infligido por este conflito!
Não devemos nos submeter à nossa identidade apenas no apagar das luzes, no último instante. A sabedoria deve nos conduzir à sujeição e obediência. A felicidade só nos alcançará quando vivermos nossa identidade em Cristo. Fora desta realidade, seremos o contínuo antagonismo entre o projeto soberano de Deus e nossas desgraçadas escolhas de vida.
Diferentes de Sansão, devemos cumprir o propósito de Deus no decurso de nossa história, e não apenas na ocasião de nossa morte.
Rev. Jean Chagas