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sábado, 29 de maio de 2010

Um Contraste que nos Exige Posição


Um fenômeno inegável no Brasil é o crescimento dos evangélicos. No estado de Goiás e em sua capital, Goiânia, este processo demonstra-se forte e com contínua ascendência. Conforme dados do IBGE no estado mais de 20% da população declara-se evangélica e na capital o percentual chega a quase 25%. Estamos entre as cinco capitais mais evangélicas do Brasil. Conforme a historiadora Maria Tereza Canegim, só na Grande Goiânia, são mais de 1600 templos. Destaca-se ainda a presença de considerável número de mega-igrejas e do comparecimento evangélico em todos os setores da sociedade.


Este avanço da Igreja deve ser considerado uma grande bênção de Deus. Não obstante, há um contraste que deve ser percebido e que nos exige um posicionamento à medida que nos tornamos mais influentes e presentes na sociedade: o fato de mais igrejas e cristãos não corresponderem necessariamente à transformação da sociedade.


Tal contradição pode ser exemplificada por alguns números: segundo dados da Polícia Federal o estado de Goiás é o primeiro no ranking de pedofilia virtual, com 22% das ocorrências, perdendo para o Rio (14%) e São Paulo (11%). O Instituto Sangare apresenta dados que posicionam a cidade e o estado em 15º lugar em assassinatos no país. Estamos à frente de cidades como Belo Horizonte e São Paulo em homicídios. Em reportagem do jornal Diário da Manhã de 10/03/2010, Goiás é apontado como o líder no Brasil do tráfico internacional de mulheres. Há uma epidemia crescente do Crac e de outros entorpecentes em escala avassaladora.


É hora de clamarmos a Deus por uma resposta: "Porque nosso sal não tempera e nossa luz se mantém ofuscada?" É hora de aliarmos crescimento com transformação!

Algumas Possibilidades:

Para responder a este grande desafio existem ações que precisam ser adotadas com os crentes em particular e com as comunidades locais de um modo mais coletivo. É necessário o investimento de tempo e dedicação no discipulado para formar uma nova mentalidade cristã nos indivíduos. Para isto será necessário resgatar a percepção das diversas dimensões do evangelho da vida humana. Ao discipular devemos resgatar o valor de se viver no mundo para a glória de Deus. De dar o melhor não para ganhar mais, e sim para glorificar e adorar mais! Cristãos comprometidos com a glória de Deus em tudo que fazem são profundos agentes de transformação na sociedade, enquanto uma fé rasa mantém a devoção mesquinha e egocêntrica.


Do outro lado do espectro, necessitamos despertar uma consciência de serviço e transformação nas comunidades cristãs. Elas precisam tornar-se comprometidas e engajadas no bem da cidade. Dinamizar o uso de nossos espaços físicos em função da população, usando a criatividade e os recursos que temos de voluntariado em nossas Igrejas. Temos que ir à sociedade e chamar a sociedade até nossas salas e templos numa atitude de serviço humanitário. Haverá a necessidade de uma consciência mais profunda de parceria entre igrejas, e entre instituições.


Por fim, entre estas poucas e insuficientes sugestões, penso que devemos repensar nosso engajamento político partidário. A Igreja não pode tornar-se curral eleitoral para buscar influência na sociedade. Ela precisa avançar profundamente numa consciência de cidadania e políticas sociais à medida que se mantém isenta do poder partidário. Este é o único caminho para mantermos nossa autoridade profética. Irmãos e irmãs que admitem sua vocação para ocuparem cargos públicos serão de grande bênção para a sociedade, mas não podem esperar que a igreja curve-se a um projeto específico de poder que não parta do evangelho e volte para o evangelho. Setores da sociedade como o ministério público mantêm-se isentos da política partidária, mas não da política social. Isto se deve à sua natureza. A igreja, também por sua natureza deve cooperar com as políticas sociais porém isentar-se das políticas partidárias.

Jean Chagas

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